1 de fevereiro de 2011

Brincando de Rock Star

Nós da Spirax sabemos as dificuldades que é manter uma banda de rock, ainda mais em Curitiba que o cenário é bastante fechado, e infelizmente ainda não conseguimos entrar nesse circuito, talvez porque somos antipáticos ou autistas, ou talvez porque tocamos muito mal e não podemos se apresentar nos bares, senão a freguesia corre, mas o que me convence é que não temos espaço por causa do nosso elevado grau de falta de beleza.

Hoje mantemos a banda por diversão, é um hobby você ensaiar, fazer músicas novas, comprar equipamento e a sensação de tocar para algumas pessoas, sejam 10 ou 1000, é indescritível, ou seja, brincamos de “Rock Star”. Pensando nisso lançamos o projeto “Esmola Musical”, no qual a Spirax colocava-se a disposição para tocar de graça, bastava os interessados entrarem em contato. No começo não deu muito certo, mas apareceram algumas oportunidades e agora estamos fechando uma vez por mês no Hermes Bar, onde temos como objetivo levar sempre duas bandas novas para tocar junto, o cachê é bem modesto, o valor da entrada é dividido entre três bandas, mas o objetivo é tocar e mostrar a sua banda, em compensação nós cedemos um equipamento de som bom e o lugar também é cool e centralizado, estilo pub inglês, perfeito para uma banda de rock.

Em dezembro fizemos o nosso primeiro evento, e conseguimos levar a Silvia Santa, banda punk da cidade, e neste dia ficou sobrando uma vaga para outra banda. Achamos que uma terceira banda topou porque era dia 23 de dezembro e muitos iriam viajar. O próximo dia evento foi marcado para 16 de janeiro, agora com um tempo maior pra organizar, começamos a entrar em contato e convidar as bandas e para não queimar ninguém não vou citar nomes, mas as desculpas foram esfarrapadas do tipo:

Banda A – “Samuca, nosso contra regra quebrou o braço, e eu não afino minha guitarra sem ele, estamos fora.”

Banda B – “Vamos tocar na sexta”... “Blz, mas o show no Hermes é sábado.”... “É muito cansativo tocar dois dias seguidos, talvez na próxima.”

Banda C – “Vamos tocar na quarta”... “Que bom, vocês podem descansar na quinta e sexta.” ... “Não rola, porque só tocamos uma vez por semana.”

Banda D – “Janeiro é foda cara, prefiro ir para praia.”

Banda E – “Tem retorno auricular???”... “Não tem retorno.”... “Então não rola.”

Banda F – “A bebida é na faixa?”... “Putz, não, mas o bar é bem estruturado”... “Então fica pra próxima.”

Banda G – “FAIL - Seu e-mail não chegou ao destinatário.”

Banda H – “Qual microfone vai ter disponível?”... “Shure”... “Legal o SM-58?”... “Não, é um mais simples”... “Tchaaau!”

Banda I – “Começa que horas?”... “21:30”... “Muito cedo”... “Então mudamos a sua banda para 00:00.”... “Muito tarde!”

Chega, paramos por aqui, então no dia 16 de janeiro não conseguimos levar NENHUMA banda pra tocar junto com a Spirax, quem salvou a pátria foi o Masiero, que fez um Stand-Up Comedy de abertura.

E como diria o Van Damme, “Retroceder nunca, render-se jamais”, marcamos mais uma data para 19 de Fevereiro, logo entramos em contato com duas bandas, uma nem respondeu e a segunda gostou da idéia, mas estava muito bom pra ser verdade, e o cara dessa banda mandou um e-mail exigindo um monte de regalias, como: cachê de R$500 mangos, camarim, 4 retornos, iluminação, água (minha mãe me ensino que água, não se nega pra ninguém), 4 horas de repertório, não pode ter banda de abertura e blábláblá... Poxa, a banda do camarada nem começou e já está neste nível, então acho melhor eles procurarem os organizadores do Rock in Rio para fechar um contrato, afinal eles estão precisando de bandas para 2012, certo!?

E agora eu me pergunto: “Porque nenhuma banda curitibana faz sucesso nacional?”... Falta de talento não é porque aqui tem MUITOS artistas de garagem bons. Então existe alguma coisa errada no cenário musical local, não acham???

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